Monday, August 13, 2007

Encubado - olhos que vêm de fora

Eu escuto o barulho das ondas no Malecon.
Eu vejo o sol estourar sobre as carcaças dos carros antigos.
Essa Cuba de Beto me deixa zonzo como um porre de rum.
Estou preso nas minhas fantasias e pesadelos sobre a Ilha.
Os estudantes apontam o futuro?
Os prédios antigos estão condenados a virar “parque temático”?
O cubano na balsa se aproxima de Havana com ódio ou amor?
Beto não busca a resposta fácil. Nem a imagem clichê.
Deixa que os instantâneos venham até ele.
Trabalha em ritmo zen-analógico-preto-e-branco.
Como Cuba.

SETE DIAS.
VINTE E NOVE FOTOS.
O OLHAR DE BETOTÃO LONGE E TÃO PERTO DA ILHA
DEIXA TODOS NÓS
IRREMEDIAVELMENTE
ENCUBADOS.

(Renato L)

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A expo abre dia 16, quinta, na Arte Plural (Rua da Moeda, Bairro do Recife). Aqui, palavras de Renato, que conseguem expressar nossos exatos sentimentos das imagens feitas nos 7 dias de Beto em Cuba.

Sunday, August 12, 2007

A volta do amor, a volta do samba


Cadê o samba
Daqueles bambas
Que me fazia cantar
Cadê os olhos sorrindo de afetos
Os que quase se fecham
De tanto sonhar
Cadê a cerva gelada
A flor de jasmim
A grama aparada
Cadê a fumaça daqueles cigarros
Que com a boca torta
Costumava carregar
E o som do belo cavaco
De tão afinado
Tinha as cordas a se quebrar
Cadê o carinho
Sorrisos e dentes
Abraços contentes
A nos engolir
Cadê o samba
Minha maior alegria
Minha pele até hoje arrepia
Ao lembrar a boemia
(Tita de Paula, uma amiga do samba)

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O samba voltou e não vai mais embora.
Foi lindo ter todos neste quintal novamente
Celebramos o amor, a amizade.
As flores agradecem.

Thursday, August 09, 2007

Tesouros


Pre e Babinha
resgate de um tempo.
achei essa poesia de Cecília q trocamos há tempos.
beijo de amor
Margarida

A Arte de Ser Feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,para as gotas de água que caíam de seus dedos magrose meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lopes de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente,que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Wednesday, August 08, 2007

O amor

Como primavera
que renova a vida em cores
O amor não morre,
desmaia
E, quando acorda
só enxerga flores

Saturday, August 04, 2007

O melhor projeto


"Não existe melhor projeto do que esse de vocês dois. E, ele sabe disso. Confia nele."

(Babinha amada)

Bela moça, procure outro jardim

No jardim dela há apenas barro
Pelos cantos, mato
Pode até ser que brote uma florzinha
amarela
Pertinho da parede

Mas é vida que não vinga
Flor que cresce e,
sem cuidado,
logo morre.

Cuide do seu jardim, bela moça
Que por aqui, cuido do meu

Pena que não posso lhe dar
nem uma mudinha sequer
Porque as plantas que aqui nasceram
Nessa terra de amor
Não brotam para ti

O teu chão é só de desejo
E tuas mãos deram para podar
as minhas alegrias, os jasmins de ternura
Que plantei com tanto afeto

Busque outro solo
Viaje para devaneios distantes
Longe das minhas certezas
Que são as flores do meu jardim

(obra: Tarsila do Amaral)

Thursday, August 02, 2007

A maçã


Se este amor, ficar entre nós dois
vai ser tão pobre amor, vai se gastar
Se eu te amo e tu me amas,
um amor a dois profana
o amor de todos os mortais
porque quem gosta de maçã
irá gostar de todas
porque todas são iguais

Se eu te amo e tu me amas
e outro vem quando tu chamas
como poderei te condenar ?
Infinita é tua beleza
como podes ficar presa
que nem santa no altar ?

Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
mas compreendi que além de dois existem mais

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
do que eu mais venero
que é a beleza de deitar

(Raul Seixas e Paulo Coelho)

Wednesday, August 01, 2007

9 meses depois


Como se fosse a espera de um filho
estava adormecida
a poesia estancada na veia
Aí vem a pergunta: o que geram versos?
"Paixão e sofrimento", diria Mário Quintana - se tivesse a chance de tomar uma cerveja comigo.

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Hoje poderia dizer que sou a mulher mais triste e mais feliz do mundo.
Tudo ao mesmo tempo, agora.

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