Tuesday, May 30, 2006

Fila

Desgasto
A conversa
Não terminada

Defino
O amor
recomeçado

Termino
O sentimento
Iludido, delírio

Retiro
O corpo

O pedido de cena
Porque a fila anda

(Nem que seja pra trás. Mas que anda, anda.)

Monday, May 22, 2006



Um dia como qualquer outro
Seguido de um em um
Formado por todo minuto
Transformado em cada segundo

Um amor como nenhum outro
Desejado no prosseguir
Intenso beijo de início
Na ternura do conhecer

Duas vidas como única
Arriscadas em todo afeto
Divididas no mesmo teto
No diário abraço de amor


Para João e Rita

Saturday, May 20, 2006

Assobio na Augusta

O vento frio batia em meu rosto como carícia
Descia a Augusta como quem desce ao encontro de uma paixão
Lá embaixo, a inconstância das batidas do coração
Daria de frente com o nada
Não sabia o que encontraria
O nada era o tudo no fim daquela rua

Lá embaixo, na Augusta
O tempo era cinza
Descia devagar, de mãos dadas à amiga
Assobiando a melodia

Que ganhara de presente
Num sorriso, outro dia

Pela Augusta
Carregava meu samba
Antes cantado por quem o criou
E que agora

Com essa voz
Se acostumou

Faz parte do meu violão
Do meu encantamento
Da saudade que deixo no descer
Do embalo da ladeira

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De São Paulo

Sunday, May 14, 2006

Não te amo mais



"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."

Clarice Lispetor


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Prefiro de trás pra frente.

Azar no jogo. Sorte no amor.

Dizer mais o que?

Saturday, May 13, 2006

Voz e pandeiro




Bate o pandeiro, menina
Canta bem alto
Que todo mundo quer ouvir
A voz que tem essa tua cor

Thursday, May 11, 2006

Cartola para o começo do dia


"Linda, te sinto mais bela
Te fico na espera
Me sinto tão só, ai!
O tempo que passa
Em dor maior, bem maior
Linda no que se apresenta
O triste se ausenta
Fez-se a alegria
Corra e olha o céu
Que o sol vem trazer bom dia
Ah, corra e olha o céu
Que o sol vem trazer bom dia"


Cartola e Dalmo Castelo

Tuesday, May 09, 2006

Alvorada



Queria meia hora a mais
Do início de cada dia
Quando o céu alaranja rosado
Contrastado com o verde das palhas
Da palmeira

Olho pra cima e preservo na memória
Cada passar de nuvens da aurora
Cada verso cantado
No momento em que a noite vai embora

Queria essa cor mais vezes na vida
E a companhia daquele olhar
Todos as madrugadas
No ensolarar dos meus dias

Das noites encantadas de som
De desejo por toda poesia
Impedida de ser pensada
Recitada nesses cantos da alvorada



Sunday, May 07, 2006

Cheiro de dendê


Essa cidade cheira a dendê. É dendê puro.
Vi shows lindíssimos ontem à noite no Percpan.
Um presente para o coração.
Salve São Salvador!
Salve todo o amor do mundo!
Salve esses dias de viagem que nos deixam
livres das maldições do cotidiano.
até.
oxe, axé!

Thursday, May 04, 2006

guarde ou não guarde a chuva

Guarda-chuva*Guarda-chuva*Guarda-chuva















Guarda-chuva*Guarda-chuva*Guarda-chuva

Wednesday, May 03, 2006

Uma nova de Chico



"Sonhei que o fogo gelou
sonhei que a neve fervia
sonhei que ela corava
quando me via

Sonhei que ao meio-dia
havia intenso luar
E o povo se embevecia
Se empequetava João
Se emperiquitava Maria

Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia

Belo e sereno era o som
que lá do morro se ouvia
Eu sei que o sonho era bom
porque ela sorria
Até quando chovia

Guris inertes no chão
falavam de astronomia
E me jurava o Diabo
que Deus existia

de mão em mão o ladrão
Relógios distribuía
E a polícia já não batia

De noite raiava o sol
que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava
na tabacaria
Drogas na drogaria

Um passarinho espanhol
cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
de sua autoria

Sonhei que o fogo gelou
sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível
Sonhei que tu me queria"

Chico Buarque, do disco "Carioca". Uma coisa!

Engasgo


Tem uma coisa estranha
Que não me deixa respirar até o fim
Entontece meu juízo
Dispersa pensamentos

Uma danada dor sadia
Arrebatada de suspiro em suspiro
Que me leva nesse compasso
Até o fim de cada dia
Até o apagar de toda noite

Se antes de morrer
A dor essa for
Quero morrer o tempo inteiro
Para continuar sobrevivendo
De qualquer ataque de amor