Wednesday, October 17, 2007

Páginas em cor-de-rosa

Certo dia, ganhei uma caderneta de páginas cor-de-rosa
Nelas, deveria escrever palavras
Qualquer uma

Rabisquei as primeiras
Tudo meio sem nexo, sem métrica
sem rima

De uma em uma, tempos depois
percebi que ali estavam frases
feitas por palavras bonitas e feias
Todas que falavam da vida

Guardo minha caderneta com estima
Na caixinha de lembranças doces e ternas
Nela, ainda há páginas em cor-de-rosa

Em branco mesmo fica só o futuro próximo
De não poder mais dar o abraço forte
Naquele que me deu a caderneta de páginas cor-de-rosa

França me fez perceber o valor de cada palavra dita
Cada palavra que é levada pelo vento
Porque poesia, além de escrita
Precisa de som
Assim, com certeza, chegará em algum lugar

Vai com Deus, negão. A gente se vê por aí, um dia.
...

"E se ele chegar
Devagar
De mansinho e
Sem avisar
Te pegar pelo pé
Pelo olhar
Te colher como
Flor
Ao alcance da mão
Ou seja como
For

De bala, anzol
Ou arpão
E você
Não tiver aonde ir
Só pensar em fugir
Sem rumo

E a morte
Parece a única
Saída
Para a vida

Então o que fazer
Sem coragem
Para morrer

Nem mata
O sentimento
Maior que tudo"

(França, o poeta errante)
foto: Marcelo Lyra/ OlhoNu





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