Saturday, September 29, 2007

Eu, uma aprendiz

"Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança:

estar sempre alegre,

nunca ficar inativo

e chorar com força por tudo o que se quer."


(P. Leminski)


***

Hoje tive uma crise de excesso de amor pela criança de minha vida.

Como é bom tê-lo por aqui...

Saturday, September 22, 2007

Açucena e café


Fui ao chão do jardim
quando o corpo quis terra

A vista alcançava açucenas
agitadas ao vento
eu, à espera de uma delas

Mais de hora ali
contemplando o tempo

Veio açucena
veio presente de passarinho

Depois, café quente
biscoitinhos de maizena
e uma coisa boa dentro de mim



***
lembrei da Moça de deitada na grama, de Drummond...

Wednesday, September 19, 2007

o tempo da tarde

Às vezes, a gente pára ao tempo, mesmo sem querer.
Aí temos tempo para coisas que o outro tempo, aquele que passa lá fora, não nos permite.
Tempo para cinco filmes em dois dias, tempo para chegar ao fim de um livro em uma semana.
Tempo para escrever cartas de amor.
Horas percebidas apenas quando chega a noite, quando vem o dia.
Olhar atentamente o sono do outro.
Sorrir ao lado da criança, mesmo que seja tarde da noite.
Porque há tempo para alegria. Muito tempo.



Para Magá, Mel e Miguel, que fizeram de minha tarde dengosa um tempo de gargalhadas e amor.

Tuesday, September 18, 2007

Para Tom, o significado de dengue

Tava eu mandando uma mensagem pra Betom pelo celular e Tom perguntou:
- O que é isso que vc está fazendo?
Disse:
Mandando uma mesagem pro teu pai, dizendo que tô com dengue.
Tom:
-Ah! Já sei! Dengue é saudade em inglês!



Muito lindo esse Tom...


Sunday, September 16, 2007

VOZ

"Não se pode fazer plástica na voz"

Thursday, September 13, 2007

No banquinho, muito bem acompanhada

Para passar o tempo de uma forma mais confortável e esperar a carona, sentei ao lado de João. Ele estava só, no banquinho à beira do Capibaribe. Não fiquei olhando muito, passei o olho rapidamente. Fazia vergonha assim, na frente de todo mundo. Vi que já tinha algumas rachaduras, uma no rosto como cicatriz e outra na perna. Quando dei por mim, naquele ato de contemplar o rio me sentido muito bem acompanhada, mesmo que muda, escutei o grito vindo de um carro que passava:
- Aí! Gostei do teu namorado!
Acenei para os dois caras no caminhão, dei um sorrisinho tímido, achando graça.
Virei as costas para o Capibaribe e me voltei para Aurora. Cruzei as pernas como João e mirei meu olhar na linha do dele, direto para a encruzilhada da Boa Vista. Na mão direita, o Cão sem plumas. Nas minhas, papéis rabiscados, sem importância alguma.
Quem passava, olhava. Sorrisos e piadas das mais diversas, nada desagradável.
Foi ali que viramos a sensação daquele trecho da rua, em 20 minutos de um fim de tarde.
Eu e o poeta.



Tuesday, September 11, 2007

Constatação 2

Todos os dias, as moças passavam por aquele bambuzal no meio do mato. Até que um dia, um jardineiro as avisou que ali havia ninho de cobras. Elas tiveram medo e mudaram o caminho diário. Deixaram de passar pelo bambuzal, de beleza que tanto admiravam.
Depois tornaram a passar pelo lugar, afinal as cobras sempre estiveram ali.

***
"O que os olhos não vêem, o coração não sente."


Monday, September 10, 2007

O amor antigo, por Drummond

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


O amor antigo, de Carlos Drummond de Andrade

Saturday, September 08, 2007

"...gente indócil maltrata o sentimento."

Ontem à noite, com o dedo nervoso no controle remoto da TV, parei naqueles programas onde um pastor fala sem nem respirar. No caso, era uma mulher, que disse que não saía de casa quando estava de mau humor ou triste com alguma coisa. "Não temos o direito de fazer isso com as pessoas que encontramos na rua. Todos merecem um sorriso", gritava ela. Acho que foi a primeira vez que vi razão nas palavras da Universal.
Pena que simplesmente não dá para ficar em casa quando estou de ovo virado. Aí não tem jeito: todos têm que ver o meu carão de chata. A sorte é que não tenho tendência pra isso. Então, logo passa, porque amo sorrir.

...


Lembrei disso porque vi agora a pouco no blog de Sama (estuariope.blogspot.com) uma frase danada de boa:


"...gente indócil maltrata o sentimento."


E maltrada mesmo.

Constatação


Por aqui tá tudo vivo
E há desejo de gerar mais

Não creio no mal
Ciúmes

Vida tranquila
De amor e paz

Essa é minha escolha