Thursday, September 13, 2007

No banquinho, muito bem acompanhada

Para passar o tempo de uma forma mais confortável e esperar a carona, sentei ao lado de João. Ele estava só, no banquinho à beira do Capibaribe. Não fiquei olhando muito, passei o olho rapidamente. Fazia vergonha assim, na frente de todo mundo. Vi que já tinha algumas rachaduras, uma no rosto como cicatriz e outra na perna. Quando dei por mim, naquele ato de contemplar o rio me sentido muito bem acompanhada, mesmo que muda, escutei o grito vindo de um carro que passava:
- Aí! Gostei do teu namorado!
Acenei para os dois caras no caminhão, dei um sorrisinho tímido, achando graça.
Virei as costas para o Capibaribe e me voltei para Aurora. Cruzei as pernas como João e mirei meu olhar na linha do dele, direto para a encruzilhada da Boa Vista. Na mão direita, o Cão sem plumas. Nas minhas, papéis rabiscados, sem importância alguma.
Quem passava, olhava. Sorrisos e piadas das mais diversas, nada desagradável.
Foi ali que viramos a sensação daquele trecho da rua, em 20 minutos de um fim de tarde.
Eu e o poeta.



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