Monday, December 31, 2007

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Imaginava, em 1980, que o ano 2008 seria de carros aéreos, esteiras móveis por dentro de casa e robôs fazendo o serviço doméstico. Assim como os Jatsons.
O tempo chegou e confesso que as modernidades e tecnologias agradam, mas não ganham (pelo menos para mim) das maravilhas e simplicidades da natureza.
Para festejar a chegada, iremos à praia. Dormiremos em meio a mata. Passaremos de um ano para o outro em trio. Já defumamos a casa, pedidos boas energias e continuamos a tomar banhos de mar.
O que desejo é paz, saúde, prosperidade, alegria, amor...
"E isso vale para todas as pessoas do planeta". Palavras de Mãe Ná.

Tuesday, December 25, 2007

Filho de caranguejo, xié

Há uma legião de xiés. Para quem não sabe, quem não colocou o pé na lama da praia aterrada de Rio Doce na década de 90, xié é um caranguejo miúdo, do tamanho de uma unha. Não se come. Engraçado é que a patola do bichinho macho é maior que o corpinho. Cheguei a achar, na meninice, que o xié era o filho do caranguejo. Não é. Não na natureza. Já aqui por cima, na civilização que caminha pelo asfalto do Recife, dá para identificar facilmente os “xiés com cérebro”. E um deles, conheço bem de pertinho, desde que nasceu. Chama-se Luca.
A última sexta-feira, dia 21 de dezembro, foi um dia de virada na vida desse menino-xié, de apenas quatro anos. Ele viu, pela primeira vez, a Nação Zumbi no palco. Uma noite especial para o selecionado público de no máximo 1.500 pessoas do Nascedouro de Peixinhos, periferia do Recife/Olinda. O local, berço de criações contemporâneas onde "o de baixo desce”, foi o lugar escolhido pela Nação para lançar o 7º disco.
E Luca estava lá. Olhos arregalados, fala engasgada, boquiaberto. Atento às luzes, ao som. Sabia de cada passo, cada letra, cada acorde. Porque em quatro anos, os discos, DVDs da banda, a TV e a alfaia foram seus grandes companheiros. Horas e horas à frente da imagem, imitando movimentos, captando sonoridades. Para celebrar a alegria, ganhou de Du Peixe o chapéu que simbolizava no palco a presença de Chico. Não conseguiu nem agradecer. Paralisou. Saiu do show mudo. Não comentou nada. Nem com o pai e nem com a mãe. Achou que era sonho.



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Geração de xiés privilegiada. Que já nasce sabendo das finuras das tecnologias aliadas ao baque virado. Que tem a oportunidade de estar perto da melhor banda que surgiu nos últimos 20 anos no país. Xiés, filhos de caranguejos. Não dá para não crer nas coisas boas que virão pela frente.

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No dia seguinte, sábado, o Marco Zero estava lotado, como em terça de carnaval. A Nação mostrou Fome de tudo. Dois dias consecutivos de som em peso. Cenas memoráveis.
Luca não foi. Era muito ruge-ruge para um pequeno xié. Ele aguarda a hora, sem pressa.

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foto: beto figueiroa

Acúmulo

Os últimos dias de 2007 têm sido tão intensos, que acabo acumulando coisas que adoria transformar em texto.
Portanto, fico devendo a mim mesma (a única leitora assídua dessas baboseiras todas) dois temas:
1) a noite em que Luca esteve frente a frente com a Nação Zumbi
2) a partida de Flora, a dócil cadela do Alemão.

Passagens inesquecíveis...

Wednesday, December 19, 2007

A dor da saudade é maior que a dor de um furúnculo

Como a lua, crianças desabrocham novidades em fases. Tom está na fase de sentir saudade. Ao contrário dos últimos quatro anos, só quer dormir em casa e fica triste com a distância de mais de seis horas do pai e da mãe. Ainda mais agora, com o furúnculo na coxa, que fez a manha aumentar em mais de 80%. No rebate, damos dengo e afeto, muito afeto, remédio certeiro para amenizar qualquer dor.
Toda essa introdução para rechear a última tirada do nosso rebento:
Estava ele na casa do primo Cazé. Fui buscá-lo e ele, com ar de coragem, disse que queria dormir lá. Perguntei se ele estava decidido mesmo, afinal não tava nem um pouco a fim de levantar na madrugada para apanhá-lo.
"Vou dormir aqui, mamãe. Não vou chorar".
Acreditei e fui pra casa tranqüila.
Realmente, ele não ligou. Mas soube no outro dia, por Rosa (a babá de Cazé e Bibi) que ele acordou de madrugada choramingando e saiu com mais uma frase para entrar na história:

"Rosa, esse furúnculo está doendo mais do que a saudade da minha mãe".

É demais esse Tom!

Tuesday, December 11, 2007

Férias para...

Fazer uma visita a avó, naquela terra distante que se chega bem de avião.
Dormir até quando der vontade de sair do sonho.
Tem que ver e fazer fotografias. E, para suporte delas, caixinhas.
Paro agora embaixo do Jasmim. Sento e fico pensando naquele nada de idéias boas.
Aproveito a preguiça, sem culpa de senti-la. Pra lavar, banho de mar. Tanto, tanto, tanto que fico temperada de sal.
Sol. Mudo de cor.
Aí, vem...
Caminhar a pé pelo bairro à tarde.
Ler poemas, sentir poemas chegando.
Aproveitas melhor as palavras, as pessoas.
Regar as plantas, sem pressa.
Usar a churrasqueira em plena quarta-feira
Ser família do começo do sol até o início da lua.