Fui ao samba. Precisava mexer as pernas, o quadrio, cantar alto, levantar as mãos como se passasse pela Sapucaí. Passei pasta d´água entre as pernas. Suor e coxas grossas arrebatam assaduras. Joguei na couraça minissaia; na orelha direita, brinco de pena. Passei batom vermelho. Porque Ritinha diz que com batom vermelho fico bonita. Sola, peguei o carro e fui mimbora. Lisa até dizer basta, liguei na cara dura para assessora de imprensa que colocou meu nome na portaria. Na piriquita, escondi uma garrafinha d´O Professor. Arregava gelo e... perfeito... sambei, sambei e sambei.
Já exausta de tanto sambar, fui ao encontro daquela galega linda, que diz que minha boca fica massa quando encarna. Ritinha tem alma de anjo - além da cara. É amiga daquelas que nos diz o que vc precisa ouvir e não alisa, fala verdades. Vejo nos olhos dela amor por mim. Sabe quando a gente sabe que a pessoa te ama, de graça, sem nada querer em troca, simplesmente te ama? Recíproca de coração, de corpo e veia. João, meu irmão que fazia parte dos meus sonhos quando era criança, chega à mesa e me sinto envolvida de família. Amo muito aqueles dois, tanto que sou capaz de parar o mundo para fazer batatinhas calabresa só para eles.
Deixamos João sentado, ao lado de um meio Lula P., que já caía pelas tabelas, entretido com seu celular que, modernamente, passava um clipe de Elvis Presley...
touch me, baby... Bateu a larica e fomos ao podrão. Se andava sem energia, Ritinha, com suas palavras lindas, me religou na tomada. Hoje acordei mais feliz, com a sensação de que existe amor por perto.
Quando estávamos saindo do podrão, ela disse: "Olha Tita!". E eu: "Onde?" Alí, no outdoor. Foi lindo ver Tita no outdoor, esquina da Amélia com Rui Barbosa. Uma outra amiga que, apesar de nos vermos pouco, sei que tb me ama, de graça, sem querer nada em troca. Fiquei mais forte ainda, como se aquela imagem de Tita, linda, maquiada, cabelo escovado no outdoor, fosse uma luz divina. Cheguei em casa contente. Meus amores já dormiam. Os beijei, deitei tranquila e repousei, como a tempos não fazia.