Sunday, January 29, 2006

Polícia toca o terror no Garagem

Se a matéria tivesse sido publicada, seria assim:
(parabén mermo !!!)


Por Aline Feitosa e Renato L

Uma denúncia anônima resultou em operação da polícia militar ao bar Garagem, bairro das Graças, por volta das 2h45 de ontem. O estabelecimento, ponto de encontro de estudantes nos finais de semana durante a madrugada, foi apontado como “território livre para o uso de entorpecentes”, pelo comandante da operação, Coronel Fonseca. A reportagem do Diario estava no local e acompanhou a operação, onde a maioria dos clientes do bar, entre homens e mulheres, passou pela revista. “Por que tenho que sofrer este tipo de exposição? Estou me sentindo invadida”, questionava uma das clientes, que teve a bolsa desarrumada durante o baculejo.

A confusão começou quando a estudante M.A, 22 anos, (que pediu para não ser identificada nesta matéria), não permitiu ser revistada por uma policial feminina. Em seguida ela levou um tapa no peitoral, apertões nos braços por policiais masculinos, até ter as mãos algemadas. “Ela está desacatando a autoridade. Pode algemar”, ordenou o Coronel Fonseca a seus soldados. Além de M.A., outros três jovens – uma moça e dois rapazes - foram colocados no camburão e levados à delegacia de plantão de Santo Amaro. Nesse momento, dezenas de pessoas ao redor da viatura discutiam com os policiais. “Vocês bateram nas meninas. Tenho certeza que não é dessa forma que a polícia deve agir!”, gritava o estudante Rui Carneiro Leão, 24 anos. “Não conheço essas garotas que foram presas, mas achei um absurdo o que aconteceu aqui”, disse ele à reportagem.

“Quero entender o por quê de tanta violência. Meu amigo está com a camisa toda rasgada. Bateram nele só porque estava com uma ponta de maconha no bolso”, disse Adriana, vocalista de uma banda de pop-rock do Recife. “Levei um empurrão nos peitos do policial sem necessidade”, denunciou Adriana, acompanhada de mais três mulheres que foram à delegacia para prestar depoimento pelas agressões sofridas. ”A polícia deve usar a força necessária para vencer a resistência”, defendeu o comandante da operação.

Ao chegar na delegacia, o Coronel Fonseca disse à reportagem que já houve outras operações no Garagem. “Não fizeram nada, mas eu faço. Onde tiver coisa errada, vou interferir. Queria poder prender também os ladrões do Congresso”, disse o coronel. A polícia militar apreendeu com os rapazes duas pontas de cigarro de maconha. A estudante de rádio e TV, A.A, foi detida pela suspeita de ser a dona de um pacote com cinco gramas de maconha, achado no mezanino do bar. “Não temos provas de que a droga pertence a ela”, disse uma dos policiais que participou da operação durante o depoimento da estudante. “Nesse caso será feito um termo circunstancial de ocorrência”, disse o delegado de plantão, Fernando Antônio Cavalcanti. “Quanto aos rapazes, um bom advogado poderá caracterizá-los como usuários”, afirmou Cavalcanti.

Os quatro jovens detidos pediram à reportagem para não serem identificados nesta matéria. “Já passamos pelo constrangimento se sermos agredidos e presos em público”, disse um deles, que teve a camisa rasgada durante o ato de prisão. O proprietário do Garagem, Nilson, também foi levado à delegacia, acompanhado de uma advogada. Mas foi liberado em poucos minutos. Ainda quando estava no bar, o Coronel Fonseca disse à reportagem que Nilson seria enquadrado na Lei de entorpecentes 6163, “por facilitação ao consumo”.

A operação agiu com 21 homens do batalhão da Rádio Patrulha, acompanhados por policiais do Batalhão de Trânsito. “Fizemos a operação de repente. Não dava tempo de entrar em contato com a delegacia de entorpecentes”, explicou o comandante sobre a ausência de policiais especializados do caso. Os jovens foram liberados às 6h30 com o compromisso de comparecer ao primeiro juizado especial criminal de fórum Tomaz de Aquino para o agendamento da audiência. “Na delegacia, não nos permitiram fazer denúncias das agressões que sofremos da polícia. O delegado disse para encaminharmos o caso ao Ministério Público”, afirmou a estudante M.A.

No comments: