Tuesday, December 23, 2008

Paredes diferentes

Qualquer outra vale
Com quadros modestos ou robustos
Tinta óleo, aquarela ou lápis de cor
Paredes que não sejam essas que ando vendo
diariamente

Da cama para o outro quarto
Meia-hora de peito
Parada no trocador
Limpa bumbum
Faz uma gracinha
canta música de bebê

Pausa para o cochilo
Aproveite para mudar o percurso!
Mas dura pouco
Logo vem o choro

A mãe pega no braço
e dá cheirinho na cabeça perfumada

O dia termina na mesma rotina
Amanhã vou ver se atravesso a rua
Se descubro um novo site
Se ouço outra canção
Se toco mais violão
Se redescubro um bom livro
Se prevejo o futuro
Na frente do espelho

Friday, December 12, 2008

Regue o jardim

Não deixe a grama secar, as folhas murcharem...

O comando chegava aos ouvidos, trazido pela brisa, enquanto lamentava a morte do cão, fiel cão.

Mas aí olhava o verde
que também pode partir
De uma hora para outra partir
Deveria aguar depressa cada pedaço do que foi plantado
No dia-a-dia de nossa vida feliz
...

Às vezes espanto-me com minha própria capacidade de enxergar renascimento bem diante da morte.

Uma vontade imensa de continuar...

Thursday, December 11, 2008

Dara

Ficou pelos cantos

procurando terra para cavar

Só não entendo porque ela não quis mais

por aqui ficar...


Vamos sentir saudades, Darinha

* 15/02/2001 - 10/12/2008

Monday, December 08, 2008

Joaquim!


... Olhe, Joaquim é um doce de menino. Branquinho, dos ovinhos cor-de-rosa (como o papai). Os olhos cinzas, que devem continuar em tom claro. Muito cabelo, que parecem que vão enloirar. Dorme bem à noite e mama bem direitinho. Estamos todos apaixonados pela criaturinha. Tom quer pegá-lo no colo o tempo todo. Dá abraços, aperta, brinca e tem a missão de colocar a chupeta em sua boca toda vez que chora ("pepeta! Pepeta! Pepeta!). À tarde, Tom leva Joaquim ao seu quarto para lhe mostrar os desenhos que gosta na TV. Irmãos lindos, que já tão pequenos emanam amor. Ainda na maternidade, assim que Joaquim apareceu no berçário, nos braços da enfermeira, Tom saiu com essa: "Hoje é um dia de sorte. De agora em diante a vida será bem melhor!"

Sim! Eu. Estou bem, me recuperando da cirurgia. Já não tenho mais aquelas dores chatas e ando devagar, com cautela para não me "arrombar por baixo". O peito já cicatrizou das rachaduras. Tem uma pomadinha ótima, à base de lanolina, que não existia na época de Tom. Depois te dou o nome. No mais, durmo em intervalos de três horas, dou o peito de nove a dez vezes ao dia e tomo dois banhos. Uso sutiã 48 e tenho uma cinta que me aperta por 24 horas. Tenho vontade de comer biscoito de maizena e tomo muito, muito suco. A menstruação ainda desce e já gastei 5 pacotes de modess noturnos. Vou ficar mais 25 dias sem poder transar e outros 45 sem nadar. Capoeira só daqui há uns 60. Preciso tomar banho de mar.
Te amo, Pre.

* trecho de e-mail enviado no dia 5 de dezembro de 2008 à minha amiga-irmã Babinha.

Tuesday, November 11, 2008

Aperto

De fato, é chegada a hora de sermos dois
Já não há mais espaço
A pele esticou demais
As noites são longas
e a bexiga também quer de volta o seu lugar

Além do mais
Como desejo perceber você pelo lado de fora!
Ouvir seu choro, contar o dedinhos, saciar sua fome...
Ninar na rede, cantar baixinho a música do jasmim

Estou pronta para as noite em claro
As olheiras de cansaço
E a satisfação de tê-lo bem pertinho

Está tudo pronto:
lençóis lavados, lustre colorido, banheira branquinha
E amor demais para te receber!
Pode vir, Joaquim.

Sunday, October 12, 2008


Aline. 1993

discos...

... Omara
o tempo todo, a toda hora

de manhã, miss Christal
lorolororoloroulouca!

Isaar para as manhãs de domingos de sol

Siba antes do trabalho

... tem sido geralmente assim, pelo menos no último mês

... e outros que vão chegando
e terminam em cima do som por pelo menos 60 dias.

Friday, September 19, 2008

Joaquim 2

Mexe, remexe
e já sinaliza suas horas de fome
de 9h quer brincar
às 11h gosta de cantar
ao meio-dia, almoçar!

Joaquim
dentro de mim
mexe e remexe o coração
de uma mãe apaixonada pelo pai

Aguarda três luas cheias à frente
o rompimento da bolsa
e o momento de chegar ao peito

A mãe aprecia o quarto lilás
e já imagina o bebê no berço
Joaquim, sarará, cabelo tuim
Desejos de mãe que ama o pai

Na corrente do tempo que passa
Acalenta o ventre
Alisa a pele esticada
deitada, vira e desvira para acomodar a cria

Faz planos
Pensa na roupinha toda branca
Imagina o primeiro sorriso
Teme as noites de sono, muito sono

Por isso dorme, quando dá dorme
E aproveita para sonhar
E ninar os bons dias que virão

Sunday, July 27, 2008

Luzes acesas

Até ontem , quando olhava pela janela
as luzes da sala estavam apagadas já às nove da noite

Hoje, apagaram às sete. Mas depois acenderam às nove.
Daqui a pouco apagarão de novo, para mais tarde voltarem a iluminar

Os caminhos da mãe sonolenta
que dá o peito por puro amor

Um versinho para minha amiga-irmã Vanessa.

Saturday, July 26, 2008

Carta às outras "duas partes de mim"

Minhas lindas, admiráveis e sempre amigas,

O que mais me embala nessa vida é saber que tenho vcs por perto. Às vezes, confesso, penso no dia em que não terei mais nenhuma das duas. Espero ir antes, para não ficar sem chão. Porque não conheço em canto nenhum do mundo sintonia maior. Ontem, ao telefone com a Baba, repetíamos o mesmo discurso de quando ela voou para São Paulo pela primeira vez: Eu te amo, sinto saudades.... Prefiro não contar o tempo que agustia. Apenas sinto a imensa gratidão de que a distância jamais interferiu em nosso amor. Não somos as mesmas (estamos bem melhores, hein?) e é muito bom saber que nossas essências é que são as mesmas. E mais: o que queremos levar de fato desta vida é amor. Nada mais. Só amor.
Por isso sorrimos, por isso choramos depesperadas pelas esquinas e becos do Recife (Não é, Magá?), por isso fazemos filhos. Por amor.
Por ele acalentamos a alma e nos sentimos mais plenas. Somos mulheres de 30 e poucos, lindas e soberanas dentro dos nossos próprios desejos. E o melhor: estamos cada vez mais aprendendo a nos amar. Porque sem esse sentimento um tanto egoísta, o amor ao próximo pode virar pó.
Uma parte de mim sou eu mesma e outra parte de mim são vocês.
Com muito amor,
Pretinha

Sunday, July 20, 2008

Um conto para Isa


Ela era grande e gostou dos olhos dele
Um dia, num corredor colorido, perguntou seu nome
Chico
Ela respodeu, com boca que quer beijar
Ana

Sairam de mãos dadas

Num domingo ensoladaro
Os dois se vestiram de branco
E diante de todos, pais e Maria
declaram amor

Arrumaram a casa
Enfeitaram as paredes de jardim

Certa noite, uma mágica aconteceu
E a barriga de Ana cresceu
Dizem que foi muito doce que ela comeu

Passaram meses, ao certo nove
Chegou o tempo de fogos no céu
De amor e sonhos em anil

E numa tarde cor-de-rosa
O bucho de Ana, que não mais cabia tanto doce
Explodiu

De dentro voou uma menina
Que olhava como Chico
E açucarava a vida como Ana

Joaquim

Dentro de mim
Joaquim

Rima com
sim
jasmim
jardim

Querubim
quindim
cabelo tuim

Já te quero pleno
sábio, saudável, sereno

Joaquim
porque te ter
já é tão bom assim

...
Tem também alfinim
e alecrim
...
carmim
surubim
pudim
...
pirlimpimpim!!!

Saturday, June 21, 2008

Repassando a vida


As páginas às vezes não são escritas. Passam em branco e quando queremos recordar as histórias que poderiam estar nelas, já se foi o tempo. O tempo vai como cada passo do dia. As pernas andam e os pés dificilmente passarão pelo mesmo chão de ontem.

Há tempos não venho aqui. Talvez porque não seja fácil escrever a vida. Ainda mais quando ela própria ousa se escrever sozinha. O tempo flui. E com ele eu vou. Sem dar muita importância ao vento norte ou sul. Acordo, vivo, amo, durmo, sonho. Afasto a tristeza. Encubro as vontades desnecessárias. Atrevo-me à felicidade instintiva.

Sunday, April 27, 2008

Um ser dentro de outro ser

Bebê-Pum está crescendo. Oito semanas de vida. Vida dentro de mim. Que traz mais vida para fora de mim.
Peitos inchados, a ponto de explodir.
Enjôos noturnos. Vontade de comer morangos com creme de leite e açúcar (que ainda não comi...)
Ao deitar, Bebê-Pum faz mamãe peidar, peidar muito.
Inodor. Puro gases de Bebê-Pum.

Já amo esse ser de 1,5 cm.

Thursday, April 03, 2008

A pergunta:

"Aline, você está tendo insônia ou um surto criativo?"

Tuesday, April 01, 2008

Blog da Gastrô


Passei a noite em claro, criando a minha nova "diversão levada a sério". O blog da Gastrô (www.blogdagastro.blogspot.com) é um barato de fazer e dá dicas ótimas (modéstia à parte) que eu mesma gostaria de ler diariamente.

Portanto, se eu ficar um pouquinho ausente daqui, me visita lá. Vai ser gratificante.

Ah! As crônicas gastronômicas estão em http://www.1pitadadetudo.blogspot.com/


Inté!

Thursday, March 27, 2008

Conclusão infravermelha



Do manque, magenta
Da palafita, pobreza
Cinza
Azul não real
Do marrom do
Capibaribe

foto de Gustavo Bettini, parte da exposição Inframargem, em cartaz na galeria Arte Plura (Rua da Moeda, Bairro do Recife - PE).

Wednesday, March 26, 2008

Síndrome de Xuxa

Já perceberam que ultimamente, no fim de uma ligação telefônica, todo mundo diz "tchau tchau"?


Oxe, que coisa mais chata!

Monday, March 24, 2008

Nada a declarar

Tentei, mas não saiu nada. Têm dias que é assim: muita coisa por dentro, mas nenhuma que vire palavra.















Hoje, fica a página em branco.

Wednesday, March 19, 2008

Na roda da vida



Não se pode entrar na roda destraído
Tem que ter mandinga, jogo de corpo
Mente elevada, ligada
Se marcar bobeira, leva pesada
Na testa, no bucho, no peito
Protejer como se fosse alma

Nessa roda da vida
Tem que usar esquiva
Desviar
Do que vem de baixo
Do que vem de cima

Se bater o medo
Canta e bate palma
E esquece o que tem de ruim
Brinca como se moleque fosse
Porque nessa roda
A ginga é assim

Ontem entrei distraída na roda. Levei um chute de raspão na testa. Foi bom para aprender que em qualquer roda a vida gira e há riscos de cair.


Monday, March 17, 2008

Sentimento que não se semeia

Hoje a chuva caiu na madrugada. Nas barreiras, próximas às comunidades, milhares de moitas de bredo crescem. Ninguém plantou, bredo nasce sozinho com os primeiros pingos do ano. Na próxima sexta, serão arrancados e comidos cozidos, com filé de merluza e feijão de coco. Como meus sentimentos, o bredo surge sem ser semeado. Dele, cresce uma florzinha rosa. Como o sentimento de outras pessoas, murcha assim que arrancado da terra. Bredo e sentimento precisam ir logo para panela, refogados e degustados com muito carinho.
Nem todo sentimento é igual e, como bredo, só aflora de vez em quando.

Saturday, March 15, 2008

Caranguejada da boa lembrança

Prometi a mim mesma que assim que maio entrar, vou preparar um caranguejada. Será o primeiro mês sem R e os bichinhos estarão mais gordinhos, esperando pelo caldeirão quente. Fiquei saudosa da Várzea, quando pelo ano de 1995 chegava na casa de um casal amigo-irmão com duas cordas compradas por uma pechincha na feira de Rio Doce. Abria uma cerveja, grudava o umbigo no tanque e depilava as patas dos bichanos. Uma barraqueira de primeira linha, que tempera o quitute com cebola, alho e coentro. Pouco sal para não estragar o pirão. Em duas horas, saía a caranguejada. Avançávamos como manda a regra: das patinhas menores para as patas maiores; depois a bunda e o corpinho. Havia negociação de troca de duas patolas pelo corpinho (porque uma só fica injusto). Isso quando não rolavam algumas discussões de propriedade em relação à bundinha do caranguejo.
No fim, restavam as carcaças. Todo mundo bebinho, com a boca rasgada e os dedos engilhados.

Para Jarboroso, Beto, Flá, Baba, Pio, Reguinbó, Brou, Mindi, Geyson, Ginga e outros que provaram daquelas tardes deliciosas à beira do Capibaribe.

Friday, March 07, 2008

Espinha e gaia

Ontem, um amigo me mostrou uma espinha enorme, bem no meio da testa. Na gréia, chamou o importuno calombo de gaia. Eu, que estava num dia inspirado de pensamentos inofensivos e, quem sabe medíocres, fiz a relação:

Espinha é que nem gaia:

1) É melhor não cutucar
2) Se cutucar, vai ficar doendo e corre o risco de inflamar
3) Mexer demais deixa cicatriz
4) Finja que não está vendo, mesmo que esteja na cara.
5)Deixe secar. Será menos dolorido.

Thursday, March 06, 2008

O tamanho do amor

"Mãe, meu coração é maior do que minha barriga", disse Tom, colocando as mãozinhas do lado esquerdo do peito.
No ato, perguntei: "Por que, meu amor?"

resposta:
"Oras, mãe, porque eu gosto de vc!"

Saí de casa feliz da vida, com o coração maior do que o estômago.

Monday, March 03, 2008

Domingo de...

Varrer quintal bem cedinho.
Deitar na grama e ver passarinhos
que se escondem na moita de jasmim.
Fazer almoço e arrumar uma mesa bonita no terraço.
Tudo para a família. Três pratos, três copos, três amores.
Depois, de banho tomado, deitar em frente ao ventilador
e cochilar ouvindo a voz de brincadeiras da criança.
Acordar e bater um bolo de laranja
para amanhã acompanhar o café quente.
No jantar, três mistos quentes e leite gelado com nescau.
Aí a gente reza e dorme sem correr risco de pesadelos.

Sunday, March 02, 2008

Vem que passa teu sofrer...

Fui ao samba. Precisava mexer as pernas, o quadrio, cantar alto, levantar as mãos como se passasse pela Sapucaí. Passei pasta d´água entre as pernas. Suor e coxas grossas arrebatam assaduras. Joguei na couraça minissaia; na orelha direita, brinco de pena. Passei batom vermelho. Porque Ritinha diz que com batom vermelho fico bonita. Sola, peguei o carro e fui mimbora. Lisa até dizer basta, liguei na cara dura para assessora de imprensa que colocou meu nome na portaria. Na piriquita, escondi uma garrafinha d´O Professor. Arregava gelo e... perfeito... sambei, sambei e sambei.

Já exausta de tanto sambar, fui ao encontro daquela galega linda, que diz que minha boca fica massa quando encarna. Ritinha tem alma de anjo - além da cara. É amiga daquelas que nos diz o que vc precisa ouvir e não alisa, fala verdades. Vejo nos olhos dela amor por mim. Sabe quando a gente sabe que a pessoa te ama, de graça, sem nada querer em troca, simplesmente te ama? Recíproca de coração, de corpo e veia. João, meu irmão que fazia parte dos meus sonhos quando era criança, chega à mesa e me sinto envolvida de família. Amo muito aqueles dois, tanto que sou capaz de parar o mundo para fazer batatinhas calabresa só para eles.

Deixamos João sentado, ao lado de um meio Lula P., que já caía pelas tabelas, entretido com seu celular que, modernamente, passava um clipe de Elvis Presley... touch me, baby... Bateu a larica e fomos ao podrão. Se andava sem energia, Ritinha, com suas palavras lindas, me religou na tomada. Hoje acordei mais feliz, com a sensação de que existe amor por perto.

Quando estávamos saindo do podrão, ela disse: "Olha Tita!". E eu: "Onde?" Alí, no outdoor. Foi lindo ver Tita no outdoor, esquina da Amélia com Rui Barbosa. Uma outra amiga que, apesar de nos vermos pouco, sei que tb me ama, de graça, sem querer nada em troca. Fiquei mais forte ainda, como se aquela imagem de Tita, linda, maquiada, cabelo escovado no outdoor, fosse uma luz divina. Cheguei em casa contente. Meus amores já dormiam. Os beijei, deitei tranquila e repousei, como a tempos não fazia.

Saturday, March 01, 2008

Quando a gente rodopia em torno de si mesmo

Ontem fui andar. Andei, andei e andei. Meio que sem rumo, sem dinheiro e celular. Porque queria rodopiar e não ser atrapalhada por nenhum larápio. Cheguei ao Torreão, arrodiei por Campo Grande, passei pela Encruzilhada e cheguei de volta ao Espinheiro. Na frente do portão de casa chorei, como se aquele suor da caminhada fosse lágrimas de todo o meu corpo. Precisava colocar para fora uma agonia. Pensei que deveria andar mais. Senti desejo dos braços do meu pai. Achei melhor pegar o carro, afinal, Olinda não é logo ali. Bati na porta do velho e me senti uma criança de cinco anos. Pulei em seu pescoço e me abracei por quase meia hora. A mão do meu pai é pesada e alisava minha cabeça. Senti sua aflição, porque quando um filho chora, a gente chora também. Saí de lá mais linda, mais pura, mais feliz, na certeza de que meu pai está aqui ainda nesse lugar que me faz tão bem.

Tuesday, February 26, 2008

O aniversário do Papaléguas

Tudo bem que este blog, que já está na estrada há uns três anos, não tem perfil gastronômico. Está aqui para que eu possa falar de mim para mim mesma - afinal, acredito, sou a única leitora. Trato como um diário mesmo, para revisar de vez em quando e redescobrir meus próprios momentos, os felizes e os tristes.
Mas é que me deu uma vontade arretada de cozinhar por esses dias. E, modéstia à parte, quem está por perto nesses meus momentos de inspiração, se agrada um bocado. No domingo, fizemos (eu, Beto e Tom) um bolo de aniversário. O Papaléguas de Tom (o boneco mesmo) estava fazendo dois anos. Tom só me avisou da data ao meio-dia e tivemos que correr para adiantar os preparativos. Compramos ingredientes para o bolo de chocolate, com bastante cobertura. enfeitado com MMs. Oito bolas de encher, adquiridas por R$ 1,50 no Comprebem, serviram de decoração. A festa bombou. Mais de 30 convidados, todos em volta da mesa, esperando a primeira fatia de bolo. Bia levou sua barata e Luca veio com o Ben 10 de seis braços. Também estavam lá o Coiote (claro!), o Chama, e tantos outros bonecos esquisitos. De gente, só tinham mesmo as três crianças, os pais e a madrinha do dono do aniversariante.
Comemos o bolo e depois, numa larica animal, fui ao fogão. Preparei um risoto de ervilhas, acompanhado de carré de porco ao gengibre, batatas gratinadas e couscous marroquino com salsa. Em uma hora, servi. Tomamos vinho e água. Foi tudo muito bom.
Vou postar a foto assim que descarregar. A preguiça tá grande.

Saturday, January 19, 2008

O medo de perder

Talvez esse seja o pior dos pesadelos. Lembro que quando menina, sonhava constantemente que meu pai pegava um foguete, que ficava dentro do elevador do prédio. A tal espaçonave subia em disparada ao céu, para nunca mais voltar. Acordava aos prantos. Perder meu pai , naquela idade tão frágil, era meu maior medo.
Também lembro que uma bruxa, montada numa vassoura, fazia da minha mãe tempero em seu caldeirão que esfumaçava algo roxo. Eram nesses sonhos que apredia a voar. Saía como super-man, entrecortando prédios de Copacabana atrás da bruxa. Queria me vingar por ter feito de minha mãezinha uma sopa.
O tempo estiou esse medo. Às vezes ele retorna, como a certeza de que um dia meu pai pegará um foquete e minha mãe virará sopa.
O que aporrinha no momento são os pesadelos de Tom. Uma insegurança que nos deixa atordoados. Não sei o que ele sonha. Só sei que liga três vezes ao dia para mim e diz: Mamãe, tô com uma dor aqui no peito e acho que o nome dessa dor é saudade. Ontem, depois de muita peleja, aceitou ir a Porto com o pai. Fiquei no Recife, pois o trabalho me prende por aqui. Pela manhã, disse ao pai que "na verdade, eu choro não só por saudade, mas porque tenho medo de perder "as coisas"".
O pior é que não posso garantir que estarei aqui amanhã...