Imaginava, em 1980, que o ano 2008 seria de carros aéreos, esteiras móveis por dentro de casa e robôs fazendo o serviço doméstico. Assim como os Jatsons.
O tempo chegou e confesso que as modernidades e tecnologias agradam, mas não ganham (pelo menos para mim) das maravilhas e simplicidades da natureza.
Para festejar a chegada, iremos à praia. Dormiremos em meio a mata. Passaremos de um ano para o outro em trio. Já defumamos a casa, pedidos boas energias e continuamos a tomar banhos de mar.
O que desejo é paz, saúde, prosperidade, alegria, amor...
"E isso vale para todas as pessoas do planeta". Palavras de Mãe Ná.
Monday, December 31, 2007
Tuesday, December 25, 2007
Filho de caranguejo, xié
Há uma legião de xiés. Para quem não sabe, quem não colocou o pé na lama da praia aterrada de Rio Doce na década de 90, xié é um caranguejo miúdo, do tamanho de uma unha. Não se come. Engraçado é que a patola do bichinho macho é maior que o corpinho. Cheguei a achar, na meninice, que o xié era o filho do caranguejo. Não é. Não na natureza. Já aqui por cima, na civilização que caminha pelo asfalto do Recife, dá para identificar facilmente os “xiés com cérebro”. E um deles, conheço bem de pertinho, desde que nasceu. Chama-se Luca.
A última sexta-feira, dia 21 de dezembro, foi um dia de virada na vida desse menino-xié, de apenas quatro anos. Ele viu, pela primeira vez, a Nação Zumbi no palco. Uma noite especial para o selecionado público de no máximo 1.500 pessoas do Nascedouro de Peixinhos, periferia do Recife/Olinda. O local, berço de criações contemporâneas onde "o de baixo desce”, foi o lugar escolhido pela Nação para lançar o 7º disco.
E Luca estava lá. Olhos arregalados, fala engasgada, boquiaberto. Atento às luzes, ao som. Sabia de cada passo, cada letra, cada acorde. Porque em quatro anos, os discos, DVDs da banda, a TV e a alfaia foram seus grandes companheiros. Horas e horas à frente da imagem, imitando movimentos, captando sonoridades. Para celebrar a alegria, ganhou de Du Peixe o chapéu que simbolizava no palco a presença de Chico. Não conseguiu nem agradecer. Paralisou. Saiu do show mudo. Não comentou nada. Nem com o pai e nem com a mãe. Achou que era sonho.
...
Geração de xiés privilegiada. Que já nasce sabendo das finuras das tecnologias aliadas ao baque virado. Que tem a oportunidade de estar perto da melhor banda que surgiu nos últimos 20 anos no país. Xiés, filhos de caranguejos. Não dá para não crer nas coisas boas que virão pela frente.
...
No dia seguinte, sábado, o Marco Zero estava lotado, como em terça de carnaval. A Nação mostrou Fome de tudo. Dois dias consecutivos de som em peso. Cenas memoráveis.
Luca não foi. Era muito ruge-ruge para um pequeno xié. Ele aguarda a hora, sem pressa.
...
foto: beto figueiroa
A última sexta-feira, dia 21 de dezembro, foi um dia de virada na vida desse menino-xié, de apenas quatro anos. Ele viu, pela primeira vez, a Nação Zumbi no palco. Uma noite especial para o selecionado público de no máximo 1.500 pessoas do Nascedouro de Peixinhos, periferia do Recife/Olinda. O local, berço de criações contemporâneas onde "o de baixo desce”, foi o lugar escolhido pela Nação para lançar o 7º disco.
E Luca estava lá. Olhos arregalados, fala engasgada, boquiaberto. Atento às luzes, ao som. Sabia de cada passo, cada letra, cada acorde. Porque em quatro anos, os discos, DVDs da banda, a TV e a alfaia foram seus grandes companheiros. Horas e horas à frente da imagem, imitando movimentos, captando sonoridades. Para celebrar a alegria, ganhou de Du Peixe o chapéu que simbolizava no palco a presença de Chico. Não conseguiu nem agradecer. Paralisou. Saiu do show mudo. Não comentou nada. Nem com o pai e nem com a mãe. Achou que era sonho.
...
Geração de xiés privilegiada. Que já nasce sabendo das finuras das tecnologias aliadas ao baque virado. Que tem a oportunidade de estar perto da melhor banda que surgiu nos últimos 20 anos no país. Xiés, filhos de caranguejos. Não dá para não crer nas coisas boas que virão pela frente.
...
No dia seguinte, sábado, o Marco Zero estava lotado, como em terça de carnaval. A Nação mostrou Fome de tudo. Dois dias consecutivos de som em peso. Cenas memoráveis.
Luca não foi. Era muito ruge-ruge para um pequeno xié. Ele aguarda a hora, sem pressa.
...
foto: beto figueiroa
Acúmulo
Os últimos dias de 2007 têm sido tão intensos, que acabo acumulando coisas que adoria transformar em texto.
Portanto, fico devendo a mim mesma (a única leitora assídua dessas baboseiras todas) dois temas:
1) a noite em que Luca esteve frente a frente com a Nação Zumbi
2) a partida de Flora, a dócil cadela do Alemão.
Passagens inesquecíveis...
Portanto, fico devendo a mim mesma (a única leitora assídua dessas baboseiras todas) dois temas:
1) a noite em que Luca esteve frente a frente com a Nação Zumbi
2) a partida de Flora, a dócil cadela do Alemão.
Passagens inesquecíveis...
Wednesday, December 19, 2007
A dor da saudade é maior que a dor de um furúnculo
Como a lua, crianças desabrocham novidades em fases. Tom está na fase de sentir saudade. Ao contrário dos últimos quatro anos, só quer dormir em casa e fica triste com a distância de mais de seis horas do pai e da mãe. Ainda mais agora, com o furúnculo na coxa, que fez a manha aumentar em mais de 80%. No rebate, damos dengo e afeto, muito afeto, remédio certeiro para amenizar qualquer dor.
Toda essa introdução para rechear a última tirada do nosso rebento:
Estava ele na casa do primo Cazé. Fui buscá-lo e ele, com ar de coragem, disse que queria dormir lá. Perguntei se ele estava decidido mesmo, afinal não tava nem um pouco a fim de levantar na madrugada para apanhá-lo.
"Vou dormir aqui, mamãe. Não vou chorar".
Acreditei e fui pra casa tranqüila.
Realmente, ele não ligou. Mas soube no outro dia, por Rosa (a babá de Cazé e Bibi) que ele acordou de madrugada choramingando e saiu com mais uma frase para entrar na história:
"Rosa, esse furúnculo está doendo mais do que a saudade da minha mãe".
É demais esse Tom!
Toda essa introdução para rechear a última tirada do nosso rebento:
Estava ele na casa do primo Cazé. Fui buscá-lo e ele, com ar de coragem, disse que queria dormir lá. Perguntei se ele estava decidido mesmo, afinal não tava nem um pouco a fim de levantar na madrugada para apanhá-lo.
"Vou dormir aqui, mamãe. Não vou chorar".
Acreditei e fui pra casa tranqüila.
Realmente, ele não ligou. Mas soube no outro dia, por Rosa (a babá de Cazé e Bibi) que ele acordou de madrugada choramingando e saiu com mais uma frase para entrar na história:
"Rosa, esse furúnculo está doendo mais do que a saudade da minha mãe".
É demais esse Tom!
Tuesday, December 11, 2007
Férias para...
Fazer uma visita a avó, naquela terra distante que se chega bem de avião.
Dormir até quando der vontade de sair do sonho.
Tem que ver e fazer fotografias. E, para suporte delas, caixinhas.
Paro agora embaixo do Jasmim. Sento e fico pensando naquele nada de idéias boas.
Aproveito a preguiça, sem culpa de senti-la. Pra lavar, banho de mar. Tanto, tanto, tanto que fico temperada de sal.
Sol. Mudo de cor.
Aí, vem...
Caminhar a pé pelo bairro à tarde.
Ler poemas, sentir poemas chegando.
Aproveitas melhor as palavras, as pessoas.
Regar as plantas, sem pressa.
Usar a churrasqueira em plena quarta-feira
Ser família do começo do sol até o início da lua.
Dormir até quando der vontade de sair do sonho.
Tem que ver e fazer fotografias. E, para suporte delas, caixinhas.
Paro agora embaixo do Jasmim. Sento e fico pensando naquele nada de idéias boas.
Aproveito a preguiça, sem culpa de senti-la. Pra lavar, banho de mar. Tanto, tanto, tanto que fico temperada de sal.
Sol. Mudo de cor.
Aí, vem...
Caminhar a pé pelo bairro à tarde.
Ler poemas, sentir poemas chegando.
Aproveitas melhor as palavras, as pessoas.
Regar as plantas, sem pressa.
Usar a churrasqueira em plena quarta-feira
Ser família do começo do sol até o início da lua.
Wednesday, November 14, 2007
Coisas boas
E a vida vai melhorando...
Porque é assim mesmo: a gente sabe que a montanha existe;
que a gente sobe e desce, sem chances de ficar no topo.
Hoje só agradeço pelos amigos que tenho, pela mãe linda (e forte) que Deus me deu, pelo pai que é um exemplo de vida, pelo amor que me faz sorrir todos os dias, pelo filho mais lindo do mundo, pela saúde e pelo trabalho reconhecido.
Porque é assim mesmo: a gente sabe que a montanha existe;
que a gente sobe e desce, sem chances de ficar no topo.
Hoje só agradeço pelos amigos que tenho, pela mãe linda (e forte) que Deus me deu, pelo pai que é um exemplo de vida, pelo amor que me faz sorrir todos os dias, pelo filho mais lindo do mundo, pela saúde e pelo trabalho reconhecido.
Friday, November 09, 2007
Mineirin valente
Não, eu não fui salva de nenhum perigo por um mineiro valentão. Aliás, por aqui, o único perigo que ando correndo é de reaver os 5 quilos que perdi nos últimos dois meses.
Ontem fui ao Mercado Central, como muito me indicou meu amigo que entende muito dessas coisas de comida. Sentei numa mesa solitária do Casa Cheia - um boteco sem muito charme, mas de delícias perfeitas para uma Original gelada. Pedi o tal "mineirinho valente".
Juro que ante de voltar para o Recife, retornarei lá para comer novamente a canjiquinha com costelinha ao vinho, linguiça caseira, folhas de espinafre e pimenta de cheiro servida num caldeirãozinho de ferro. Escândalo!
Até porque, terei que ir ao mercado de novo mesmo. Porque tenho que levar pra casa 4 kg de queijo de encomenda (além do meu), 3 kg linguiça de pernil (além da minha) e requeijão em raspa. Eita, que a mala vai carregada!
Ontem fui ao Mercado Central, como muito me indicou meu amigo que entende muito dessas coisas de comida. Sentei numa mesa solitária do Casa Cheia - um boteco sem muito charme, mas de delícias perfeitas para uma Original gelada. Pedi o tal "mineirinho valente".
Juro que ante de voltar para o Recife, retornarei lá para comer novamente a canjiquinha com costelinha ao vinho, linguiça caseira, folhas de espinafre e pimenta de cheiro servida num caldeirãozinho de ferro. Escândalo!
Até porque, terei que ir ao mercado de novo mesmo. Porque tenho que levar pra casa 4 kg de queijo de encomenda (além do meu), 3 kg linguiça de pernil (além da minha) e requeijão em raspa. Eita, que a mala vai carregada!
Monday, November 05, 2007
Sol, sol, sol
Pra fazer tostar
e depois, banho de mar
Mar, Mar, mar
Vou deixar mazelas
nesse caldeirão de sal
Sal, sal, sal
Tempero de caranguejo, peixinho frito
e beijo
Beijo, beijo, beijo
você
Porque amo demais.
e depois, banho de mar
Mar, Mar, mar
Vou deixar mazelas
nesse caldeirão de sal
Sal, sal, sal
Tempero de caranguejo, peixinho frito
e beijo
Beijo, beijo, beijo
você
Porque amo demais.
Friday, November 02, 2007
Um dia de cada vez
Para eu mesma não esquecer. Vão aí os três "cês" da minha nova literatura:
-Não sou culpada;
-Não tenho controle;
-Não posso curar a doença de ninguém.
...
-Não sou culpada;
-Não tenho controle;
-Não posso curar a doença de ninguém.
...
Friday, October 26, 2007
O ciclo da Lua
A primeira lua cheia
depois daquela última
A lua que marcava no céu
a partida da outra Lua
A Lua que nasceu quando tinha lua redonda no céu
A Lua que morreu quando tinha lua redonda no céu
...
Ontem comprei tapete para a sala. Porque quando havia Lua lá em casa, não dava para ter tapete. Mas confesso que prefiro Lua ao tapete.
Faz falta o brilho dela.
...
Sei bem o que significa "amor incondicional", como todo cão que ama o dono.
depois daquela última
A lua que marcava no céu
a partida da outra Lua
A Lua que nasceu quando tinha lua redonda no céu
A Lua que morreu quando tinha lua redonda no céu
...
Ontem comprei tapete para a sala. Porque quando havia Lua lá em casa, não dava para ter tapete. Mas confesso que prefiro Lua ao tapete.
Faz falta o brilho dela.
...
Sei bem o que significa "amor incondicional", como todo cão que ama o dono.
Wednesday, October 17, 2007
Páginas em cor-de-rosa
Certo dia, ganhei uma caderneta de páginas cor-de-rosa
Nelas, deveria escrever palavras
Qualquer uma
Rabisquei as primeiras
Tudo meio sem nexo, sem métrica
sem rima
De uma em uma, tempos depois
percebi que ali estavam frases
feitas por palavras bonitas e feias
Todas que falavam da vida
Guardo minha caderneta com estima
Na caixinha de lembranças doces e ternas
Nela, ainda há páginas em cor-de-rosa
Em branco mesmo fica só o futuro próximo
De não poder mais dar o abraço forte
Naquele que me deu a caderneta de páginas cor-de-rosa
França me fez perceber o valor de cada palavra dita
Cada palavra que é levada pelo vento
Porque poesia, além de escrita
Precisa de som
Assim, com certeza, chegará em algum lugar
Vai com Deus, negão. A gente se vê por aí, um dia.
...
"E se ele chegar
Devagar
De mansinho e
Sem avisar
Te pegar pelo pé
Pelo olhar
Te colher como
Flor
Ao alcance da mão
Ou seja como
For
De bala, anzol
Ou arpão
E você
Não tiver aonde ir
Só pensar em fugir
Sem rumo
E a morte
Parece a única
Saída
Para a vida
Então o que fazer
Sem coragem
Para morrer
Nem mata
O sentimento
Maior que tudo"
(França, o poeta errante)
foto: Marcelo Lyra/ OlhoNu
Nelas, deveria escrever palavras
Qualquer uma
Rabisquei as primeiras
Tudo meio sem nexo, sem métrica
sem rima
De uma em uma, tempos depois
percebi que ali estavam frases
feitas por palavras bonitas e feias
Todas que falavam da vida
Guardo minha caderneta com estima
Na caixinha de lembranças doces e ternas
Nela, ainda há páginas em cor-de-rosa
Em branco mesmo fica só o futuro próximo
De não poder mais dar o abraço forte
Naquele que me deu a caderneta de páginas cor-de-rosa
França me fez perceber o valor de cada palavra dita
Cada palavra que é levada pelo vento
Porque poesia, além de escrita
Precisa de som
Assim, com certeza, chegará em algum lugar
Vai com Deus, negão. A gente se vê por aí, um dia.
...
"E se ele chegar
Devagar
De mansinho e
Sem avisar
Te pegar pelo pé
Pelo olhar
Te colher como
Flor
Ao alcance da mão
Ou seja como
For
De bala, anzol
Ou arpão
E você
Não tiver aonde ir
Só pensar em fugir
Sem rumo
E a morte
Parece a única
Saída
Para a vida
Então o que fazer
Sem coragem
Para morrer
Nem mata
O sentimento
Maior que tudo"
(França, o poeta errante)
foto: Marcelo Lyra/ OlhoNu
Tuesday, October 16, 2007
Oração
Olhar pra dentro com vontade, como se fosse pôr do sol
Deixar o corpo deitado
Bem esticado na cama
Como se o colchão fosse pedra de falésia
O ventilador vai soprar de leve no rosto
e vou imaginar que é brisa de mar
Ficar boa logo
E poder correr para a praia
E correr na praia
E dar beijo com gosto de sal
Um corpo forte, moreno
Mente tranqüila
Vida sã
Amém.
Deixar o corpo deitado
Bem esticado na cama
Como se o colchão fosse pedra de falésia
O ventilador vai soprar de leve no rosto
e vou imaginar que é brisa de mar
Ficar boa logo
E poder correr para a praia
E correr na praia
E dar beijo com gosto de sal
Um corpo forte, moreno
Mente tranqüila
Vida sã
Amém.
Friday, October 12, 2007
"Vem Bastião, cantar um coco pra gente.../
...depois que ele morrer/ se acaba essa semente".
Foi ele mesmo que cantou, em junho deste ano, debaixo de sua barraquinha de inhame e batata doce, na feira de Goiana.
Duvidou que eu fosse à festa, na noite de São João.
A mais bonita que vi.
Foi bom demais poder conhecer Sebastião Grosso.
Foi ele mesmo que cantou, em junho deste ano, debaixo de sua barraquinha de inhame e batata doce, na feira de Goiana.
Duvidou que eu fosse à festa, na noite de São João.
A mais bonita que vi.
Foi bom demais poder conhecer Sebastião Grosso.
Sunday, October 07, 2007
Mulher-cão
"...Además, por homem bom não se chora, se ri. Por homem bom não se fecha, se abre. Do homem bom não se cobra, se dá. Com homem bom não se irrita, se brinca. Homem bom não se teme, se enrosca. Mulherzismos e chatices ficam pra trás com estes belos rapazes de trinta e poucos anos, prontos para olhar no fundão dos teus olhos e dizer qualquer besteira despretensiosa (e até ingênua) para te arrancar um sorriso...
...Somos mulheres-cão e não mulheres-gato. Não miamos, mordemos. Não nos escondemos, estamos sempre por ali a abanar os rabos, instigadas por uma passeada que nos renda cerveja gelada e um bom papo-cabeça, sem esperanças..."
...Somos mulheres-cão e não mulheres-gato. Não miamos, mordemos. Não nos escondemos, estamos sempre por ali a abanar os rabos, instigadas por uma passeada que nos renda cerveja gelada e um bom papo-cabeça, sem esperanças..."
De Camile, uma nova amiga da Baba, que já gosto mesmo sem conhecer.
Wednesday, October 03, 2007
Tuesday, October 02, 2007
Construção
Olha pra'li, meu amor
como nosso jardim tá bonito.
Tem sido tão bom ficar na sombra
que a impressão é de que
melhor lugar não há.
Olha pra'li o menino
que de tão lindo e alegre
parece flutuar
Olha pra'qui tudo isso
Não quero
de jeito nenhum
acordar
como nosso jardim tá bonito.
Tem sido tão bom ficar na sombra
que a impressão é de que
melhor lugar não há.
Olha pra'li o menino
que de tão lindo e alegre
parece flutuar
Olha pra'qui tudo isso
Não quero
de jeito nenhum
acordar
Monday, October 01, 2007
Retorno
Retornar é bom e é ruim.
Bom porque sempre têm coisas e pessoas bacanas.
Ruim porque sempre têm coisas e pessoas nada-bacanas.
***
Essa besteirada só pra registrar que voltei ao batente após doze dias de dengo, quintal, Tom e amor intensos. Já tô com saudade de casa...
Bom porque sempre têm coisas e pessoas bacanas.
Ruim porque sempre têm coisas e pessoas nada-bacanas.
***
Essa besteirada só pra registrar que voltei ao batente após doze dias de dengo, quintal, Tom e amor intensos. Já tô com saudade de casa...
Saturday, September 29, 2007
Eu, uma aprendiz
"Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança:
estar sempre alegre,
nunca ficar inativo
e chorar com força por tudo o que se quer."
(P. Leminski)
***
Hoje tive uma crise de excesso de amor pela criança de minha vida.
Como é bom tê-lo por aqui...
Saturday, September 22, 2007
Açucena e café
Fui ao chão do jardim
quando o corpo quis terra
A vista alcançava açucenas
agitadas ao vento
eu, à espera de uma delas
Mais de hora ali
contemplando o tempo
Veio açucena
veio presente de passarinho
Depois, café quente
biscoitinhos de maizena
e uma coisa boa dentro de mim
quando o corpo quis terra
A vista alcançava açucenas
agitadas ao vento
eu, à espera de uma delas
Mais de hora ali
contemplando o tempo
Veio açucena
veio presente de passarinho
Depois, café quente
biscoitinhos de maizena
e uma coisa boa dentro de mim
***
lembrei da Moça de deitada na grama, de Drummond...
Wednesday, September 19, 2007
o tempo da tarde
Às vezes, a gente pára ao tempo, mesmo sem querer.
Aí temos tempo para coisas que o outro tempo, aquele que passa lá fora, não nos permite.
Tempo para cinco filmes em dois dias, tempo para chegar ao fim de um livro em uma semana.
Tempo para escrever cartas de amor.
Horas percebidas apenas quando chega a noite, quando vem o dia.
Olhar atentamente o sono do outro.
Sorrir ao lado da criança, mesmo que seja tarde da noite.
Porque há tempo para alegria. Muito tempo.
Para Magá, Mel e Miguel, que fizeram de minha tarde dengosa um tempo de gargalhadas e amor.
Aí temos tempo para coisas que o outro tempo, aquele que passa lá fora, não nos permite.
Tempo para cinco filmes em dois dias, tempo para chegar ao fim de um livro em uma semana.
Tempo para escrever cartas de amor.
Horas percebidas apenas quando chega a noite, quando vem o dia.
Olhar atentamente o sono do outro.
Sorrir ao lado da criança, mesmo que seja tarde da noite.
Porque há tempo para alegria. Muito tempo.
Para Magá, Mel e Miguel, que fizeram de minha tarde dengosa um tempo de gargalhadas e amor.
Tuesday, September 18, 2007
Para Tom, o significado de dengue
Tava eu mandando uma mensagem pra Betom pelo celular e Tom perguntou:
- O que é isso que vc está fazendo?
Disse:
Mandando uma mesagem pro teu pai, dizendo que tô com dengue.
Tom:
-Ah! Já sei! Dengue é saudade em inglês!
Muito lindo esse Tom...
- O que é isso que vc está fazendo?
Disse:
Mandando uma mesagem pro teu pai, dizendo que tô com dengue.
Tom:
-Ah! Já sei! Dengue é saudade em inglês!
Muito lindo esse Tom...
Sunday, September 16, 2007
Thursday, September 13, 2007
No banquinho, muito bem acompanhada
Para passar o tempo de uma forma mais confortável e esperar a carona, sentei ao lado de João. Ele estava só, no banquinho à beira do Capibaribe. Não fiquei olhando muito, passei o olho rapidamente. Fazia vergonha assim, na frente de todo mundo. Vi que já tinha algumas rachaduras, uma no rosto como cicatriz e outra na perna. Quando dei por mim, naquele ato de contemplar o rio me sentido muito bem acompanhada, mesmo que muda, escutei o grito vindo de um carro que passava:
- Aí! Gostei do teu namorado!
Acenei para os dois caras no caminhão, dei um sorrisinho tímido, achando graça.
Virei as costas para o Capibaribe e me voltei para Aurora. Cruzei as pernas como João e mirei meu olhar na linha do dele, direto para a encruzilhada da Boa Vista. Na mão direita, o Cão sem plumas. Nas minhas, papéis rabiscados, sem importância alguma.
Quem passava, olhava. Sorrisos e piadas das mais diversas, nada desagradável.
Foi ali que viramos a sensação daquele trecho da rua, em 20 minutos de um fim de tarde.
Eu e o poeta.
- Aí! Gostei do teu namorado!
Acenei para os dois caras no caminhão, dei um sorrisinho tímido, achando graça.
Virei as costas para o Capibaribe e me voltei para Aurora. Cruzei as pernas como João e mirei meu olhar na linha do dele, direto para a encruzilhada da Boa Vista. Na mão direita, o Cão sem plumas. Nas minhas, papéis rabiscados, sem importância alguma.
Quem passava, olhava. Sorrisos e piadas das mais diversas, nada desagradável.
Foi ali que viramos a sensação daquele trecho da rua, em 20 minutos de um fim de tarde.
Eu e o poeta.
Tuesday, September 11, 2007
Constatação 2
Todos os dias, as moças passavam por aquele bambuzal no meio do mato. Até que um dia, um jardineiro as avisou que ali havia ninho de cobras. Elas tiveram medo e mudaram o caminho diário. Deixaram de passar pelo bambuzal, de beleza que tanto admiravam.
Depois tornaram a passar pelo lugar, afinal as cobras sempre estiveram ali.
***
"O que os olhos não vêem, o coração não sente."
Depois tornaram a passar pelo lugar, afinal as cobras sempre estiveram ali.
***
"O que os olhos não vêem, o coração não sente."
Monday, September 10, 2007
O amor antigo, por Drummond
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
O amor antigo, de Carlos Drummond de Andrade
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Saturday, September 08, 2007
"...gente indócil maltrata o sentimento."
Ontem à noite, com o dedo nervoso no controle remoto da TV, parei naqueles programas onde um pastor fala sem nem respirar. No caso, era uma mulher, que disse que não saía de casa quando estava de mau humor ou triste com alguma coisa. "Não temos o direito de fazer isso com as pessoas que encontramos na rua. Todos merecem um sorriso", gritava ela. Acho que foi a primeira vez que vi razão nas palavras da Universal.
Lembrei disso porque vi agora a pouco no blog de Sama (estuariope.blogspot.com) uma frase danada de boa:
Pena que simplesmente não dá para ficar em casa quando estou de ovo virado. Aí não tem jeito: todos têm que ver o meu carão de chata. A sorte é que não tenho tendência pra isso. Então, logo passa, porque amo sorrir.
...
Lembrei disso porque vi agora a pouco no blog de Sama (estuariope.blogspot.com) uma frase danada de boa:
"...gente indócil maltrata o sentimento."
E maltrada mesmo.
Constatação
Monday, August 13, 2007
Encubado - olhos que vêm de fora
Eu escuto o barulho das ondas no Malecon.
Eu vejo o sol estourar sobre as carcaças dos carros antigos.
Essa Cuba de Beto me deixa zonzo como um porre de rum.
Estou preso nas minhas fantasias e pesadelos sobre a Ilha.
Os estudantes apontam o futuro?
Os prédios antigos estão condenados a virar “parque temático”?
O cubano na balsa se aproxima de Havana com ódio ou amor?
Beto não busca a resposta fácil. Nem a imagem clichê.
Deixa que os instantâneos venham até ele.
Trabalha em ritmo zen-analógico-preto-e-branco.
Como Cuba.
SETE DIAS.
VINTE E NOVE FOTOS.
O OLHAR DE BETOTÃO LONGE E TÃO PERTO DA ILHA
DEIXA TODOS NÓS
IRREMEDIAVELMENTE
ENCUBADOS.
(Renato L)
______________________________________________
A expo abre dia 16, quinta, na Arte Plural (Rua da Moeda, Bairro do Recife). Aqui, palavras de Renato, que conseguem expressar nossos exatos sentimentos das imagens feitas nos 7 dias de Beto em Cuba.
Eu vejo o sol estourar sobre as carcaças dos carros antigos.
Essa Cuba de Beto me deixa zonzo como um porre de rum.
Estou preso nas minhas fantasias e pesadelos sobre a Ilha.
Os estudantes apontam o futuro?
Os prédios antigos estão condenados a virar “parque temático”?
O cubano na balsa se aproxima de Havana com ódio ou amor?
Beto não busca a resposta fácil. Nem a imagem clichê.
Deixa que os instantâneos venham até ele.
Trabalha em ritmo zen-analógico-preto-e-branco.
Como Cuba.
SETE DIAS.
VINTE E NOVE FOTOS.
O OLHAR DE BETOTÃO LONGE E TÃO PERTO DA ILHA
DEIXA TODOS NÓS
IRREMEDIAVELMENTE
ENCUBADOS.
(Renato L)
______________________________________________
A expo abre dia 16, quinta, na Arte Plural (Rua da Moeda, Bairro do Recife). Aqui, palavras de Renato, que conseguem expressar nossos exatos sentimentos das imagens feitas nos 7 dias de Beto em Cuba.
Sunday, August 12, 2007
A volta do amor, a volta do samba
Cadê o samba
Daqueles bambas
Que me fazia cantar
Cadê os olhos sorrindo de afetos
Os que quase se fecham
De tanto sonhar
Cadê a cerva gelada
A flor de jasmim
A grama aparada
Cadê a fumaça daqueles cigarros
Que com a boca torta
Costumava carregar
E o som do belo cavaco
De tão afinado
Tinha as cordas a se quebrar
Cadê o carinho
Sorrisos e dentes
Abraços contentes
A nos engolir
Cadê o samba
Minha maior alegria
Minha pele até hoje arrepia
Ao lembrar a boemia
(Tita de Paula, uma amiga do samba)
---
O samba voltou e não vai mais embora.
Foi lindo ter todos neste quintal novamente
Celebramos o amor, a amizade.
As flores agradecem.
Thursday, August 09, 2007
Tesouros
Pre e Babinha
resgate de um tempo.
achei essa poesia de Cecília q trocamos há tempos.
beijo de amor
Margarida
A Arte de Ser Feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,para as gotas de água que caíam de seus dedos magrose meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lopes de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente,que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
resgate de um tempo.
achei essa poesia de Cecília q trocamos há tempos.
beijo de amor
Margarida
A Arte de Ser Feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,para as gotas de água que caíam de seus dedos magrose meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lopes de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente,que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Wednesday, August 08, 2007
O amor
Como primavera
que renova a vida em cores
O amor não morre,
desmaia
E, quando acorda
só enxerga flores
que renova a vida em cores
O amor não morre,
desmaia
E, quando acorda
só enxerga flores
Saturday, August 04, 2007
O melhor projeto
Bela moça, procure outro jardim
No jardim dela há apenas barro
Pelos cantos, mato
Pode até ser que brote uma florzinha
amarela
Pertinho da parede
Mas é vida que não vinga
Flor que cresce e,
sem cuidado,
logo morre.
Cuide do seu jardim, bela moça
Que por aqui, cuido do meu
Pena que não posso lhe dar
nem uma mudinha sequer
Porque as plantas que aqui nasceram
Nessa terra de amor
Não brotam para ti
O teu chão é só de desejo
E tuas mãos deram para podar
as minhas alegrias, os jasmins de ternura
Que plantei com tanto afeto
Busque outro solo
Viaje para devaneios distantes
Longe das minhas certezas
Que são as flores do meu jardim
(obra: Tarsila do Amaral)
Thursday, August 02, 2007
A maçã
Se este amor, ficar entre nós dois
vai ser tão pobre amor, vai se gastar
Se eu te amo e tu me amas,
um amor a dois profana
o amor de todos os mortais
porque quem gosta de maçã
irá gostar de todas
porque todas são iguais
Se eu te amo e tu me amas
e outro vem quando tu chamas
como poderei te condenar ?
Infinita é tua beleza
como podes ficar presa
que nem santa no altar ?
Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
mas compreendi que além de dois existem mais
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
do que eu mais venero
que é a beleza de deitar
(Raul Seixas e Paulo Coelho)
Wednesday, August 01, 2007
9 meses depois
Como se fosse a espera de um filho
estava adormecida
a poesia estancada na veia
Aí vem a pergunta: o que geram versos?
"Paixão e sofrimento", diria Mário Quintana - se tivesse a chance de tomar uma cerveja comigo.
....
Hoje poderia dizer que sou a mulher mais triste e mais feliz do mundo.
Tudo ao mesmo tempo, agora.
....
estava adormecida
a poesia estancada na veia
Aí vem a pergunta: o que geram versos?
"Paixão e sofrimento", diria Mário Quintana - se tivesse a chance de tomar uma cerveja comigo.
....
Hoje poderia dizer que sou a mulher mais triste e mais feliz do mundo.
Tudo ao mesmo tempo, agora.
....
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